Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, adiados em 1 ano por causa da pandemia de Covid-19, tiveram início no dia 23 de julho de 2021 e encerraram no último domingo, dia 08 de agosto. O Brasil terminou em 12º lugar no ranking, com 21 medalhas no total, sendo 7 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze. É a melhor posição do país na história das participações brasileiras em Olimpíadas, tendo superado o 13º lugar nos Jogos do Rio, em 2016.
Destaque importante foi o desempenho do Brasil na modalidade skateboarding, com Rayssa Leal (apelidada de “A Fada do Skate”), Kelvin Hoefler e Pedro Barros trazendo 3 pratas para casa. Nas redes sociais, uma forte vibração de torcida a cada vitória, e muitas pessoas se dizendo inspiradas a comprarem seu primeiro skate e a aprenderem o esporte, mesmo que só por hobby. Para falar mais sobre o assunto, conversamos com Cadu Garcia, skatista de Uberaba-MG e aluno do CNSD.
Aos 16 anos e na 2ª série do Ensino Médio no Colégio Nossa Senhora das Dores, Cadu já participou de vários campeonatos, ficando em 1º lugar no “Valentine’s Day Tampa 2018” (nos EUA), 3º lugar no “Campeonato The Boarder 2018”, 16º lugar no “Mundial da França 2019”, Campeão no “Circuito Mineiro Iniciante 2018”, Vice Campeão no “Circuito Brasileiro Iniciante 2018”, 5º lugar no “Circuito Amador Amazing AM” em 2020 e Vice Campeão no “Circuito Paulista de Skate Street 2020” (categoria Amador). Começou a praticar aos 2 anos de idade e a competir aos 9 incentivado pelo pai, Carlos Eduardo, que também é skatista e dono de uma loja de skates e moda street wear, e pela mãe, Fabiana. Quando falamos sobre escola e estudos, ele diz que sempre conseguiu conciliar muito bem com o esporte e que os pais sempre colocaram esta condição: “estudo primeiro, skate depois”. Em todo o tempo livre, Cadu pratica o skate e quando participa de alguma competição em período de aulas, ele consegue recuperar o estudo atrasado de todas as matérias, assim como cumprir os prazos de provas e trabalhos, estendidos pelos professores.
Quando falamos de apoio e patrocínios, ele é bem categórico: ainda não recebeu nenhum incentivo financeiro ou qualquer outro tipo de apoio dos governos municipal, estadual e federal. Já entre os patrocínios, ele conta com o próprio CNSD, LAKAI Brasil, Connexion Skateboards e Nollie Street Wear, a loja de seu pai. Cadu conta que, surpreendentemente, o número de praticantes de skateboard em Uberaba aumentou bastante durante a pandemia, mas que só ele e o irmão mais novo, Augusto Garcia, de 11 anos, participam de competições. Sobre os projetos para o futuro, ele diz que pretende viver do esporte, competir mais e, a curto prazo, pretende ir aos Estados Unidos em novembro deste ano para competir na categoria Amador de Tampa, onde mais portas podem se abrir em se tratando de patrocínios e apoios. Seu maior sonho, revela, é participar de Jogos Olímpicos e da Street League Skateboarding (SLS), uma espécie de “NBA do skate”, nas palavras dele.
Sobre o desempenho dos brasileiros nas Olimpíadas deste ano, Cadu contou estar muito feliz pelas três pratas: “foi um resultado que eu fiquei muito feliz, porque pode abrir muitas portas para o skate no geral, mudando a visão de quem não é skatista”, ele diz não só em relação a fomentos e patrocínios, mas também para desconstruir o preconceito ainda comum, infelizmente, em torno do esporte. Ele complementa que torce para que “as pessoas entendam que é um trabalho como o de um jogador de futebol, um jogador de basquete, como qualquer outro.” Perguntado se ele teria algo a dizer para crianças, adolescentes ou mesmo adultos que tenham se interessado pelo skate por causa das Olimpíadas e que queiram começar a praticar, ele aconselha a comprar skates em lojas do ramo, feitos de bons materiais e de boa procedência, e a “se dedicar e andar de skate, porque é aquilo que te faz feliz e não porque está na moda”. Para praticar em Uberaba, ele indica a pista do Parque das Acácias (o “Piscinão”).
Segundo dados de pesquisa de 2015 contratada pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk), o número de praticantes em dezembro de 2009 era de aproximadamente 4 milhões e em 2015 havia saltado para cerca de 8,5 milhões, um aumento de mais de 100%. Destes, 81% são homens e 19% mulheres. 36% têm idade entre 11 e 15 anos. Crianças até 10 anos são 26%, adolescentes e jovens entre 16 e 20 anos somam mais 21%, enquanto 17% têm 21 anos ou mais. A idade média dos praticantes é de 15 anos e, na faixa etária de 8 a 18 anos, o skate é o segundo esporte no país. Quanto à classe social dos skatistas, 5% estão na classe A, 39% na classe B, 48% na classe C e 7% nas classes D e E.
[A.P.]