Para os reitores das universidades federais, promover a movimentação dos estudantes brasileiros entre instituições é um sonho e um objetivo. Desde 2003, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) criou um projeto com a intenção de financiar pequenos “intercâmbios internos” de universitários. Os interessados trocam de instituição por um período de seis meses a um ano, dentro do Brasil mesmo. Recebem, para isso, uma bolsa de estudos e apoio das federais.
Os objetivos da promoção desse tipo de experiência não diferem dos apontados como os maiores benefícios da mobilidade estudantil esperada com o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação. O iG mostrou nesta segunda-feira que pouco mais de 11 mil jovens deixaram suas casas para fazer um curso superior em outros Estados na primeira edição deste ano. A busca é por trocas de experiências profissionais e pessoais, amadurecimento, formação mais completa e diversificada. Com a mobilidade acadêmica temporária, também.
“Manter a mobilidade acadêmica é muito positivo. É muito importante para os universitários passarem por experiências em diferentes locais. Apoiar programas que permitam aos estudantes passar pelo menos seis meses em outra universidade e região do País deveria ser outra prioridade do Ministério da Educação”, opina João Luiz Martins, vice-presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
O primeiro convênio criado com o intuito de promover a movimentação dos estudantes universitários pelas instituições federais de ensino superior foi assinado por 45 representantes em 2003. No entanto, o Programa de Mobilidade Acadêmica mantido pela Andifes saiu do papel mesmo em julho de 2007. À época, 16 instituições ratificaram o termo de adesão ao projeto. No final do ano passado, 41 universidades já participavam do programa e 204 estudantes estudavam longe de suas instituições de origem.
Para se tornar bolsista, o universitário precisa preencher requisitos. Deve ter concluído todas as disciplinas previstas para o primeiro ano ou os 1º e 2º semestres letivos do curso na instituição de origem. Só pode ter uma reprovação por período letivo (ano ou semestre). O interessado precisa apresentar à própria universidade uma lista das disciplinas que pretende cursar na instituição parceira. Ninguém pode passar mais de um ano no programa.
O limite de tempo é simples: a Andifes não quer que os universitários se transfiram para outras instituições. Para a entidade interessa o intercâmbio de ideias, que só se concretiza com o retorno dos jovens às universidades de origem e a divulgação das experiências vividas por eles entre os colegas. Segundo o secretário-executivo da Andifes, Gustavo Balduíno, o que falta para o programa deslanchar ainda mais é recurso financeiro. Hoje, o projeto conta com o apoio do banco Santander para funcionar. Mais de R$ 500 mil foram investidos em bolsas durante 2010.
Fonte: Último Segundo IG – Por Priscila Borges