Durante o período literário conhecido como Humanismo, autores como Gil Vicente se destacaram ao criar grandiosas peças de teatro. Posteriormente, a invenção de Méliès deu origem ao cinema, o qual foi modificado após as Revoluções Industriais. Todavia, apesar desse advento, o Brasil do século XXI sofre com a problemática do acesso restrito às salas cinematográficas. Seguindo esse raciocínio, é possível afirmar que os principais desafios para a democratização da entrada ao cinema no país ocorrem pela quebra do contrato social, aliado à falta de senso crítico da população.
Primeiramente, sabe-se que o descaso do Governo agrava tal conjuntura. Sob essa ótica, é inegável que o Brasil atual não só possui poucas salas de cinema, mas também encontra-se em um ambiente com ineficácia ou inexistência de políticas públicas que sejam capazes de solucionar a situação. Isso ocorre devido à quebra do contrato social proposto por Hobbes, o qual afirma ser dever do Estado garantir segurança e lazer ao povo, fato que não ocorre no país. Exemplo disso evidencia-se através da queda do número de salas de cinema no território, de 3.300 para 2.200, de acordo com a ANCINE, órgão do Governo. Logo, percebe-se que o Estado Hobbesiano não é garantido, uma vez que o lazer da população é negligenciado e esquecido na sociedade brasileira.
Ademais, é indubitável que a falta de senso crítico da população corrobora com o impasse. Nesse contexto, pode-se depreender que um povo acrítico não luta pelos seus direitos, dentre eles, a desconstrução e a cultura trazida pelo cinema. Tal realidade acontece por conta da precária educação brasileira, incapaz de formar indivíduos aptos a buscar pelo acesso democrático aos cinemas do país. Essa conjuntura vai de encontro à Educação Politizadora de Paulo Freire, que visa uma formação crítica e engajada, e inquestionavelmente não é aplicada no Brasil. Exemplificando essa situação, vê-se que, de acordo com o site Meio e Mensagem, somente 17% da nação vai ao cinema, ou seja, a maior parte do povo não possui esse acesso. Destarte, é crucial o desenvolvimento da criticidade para que toda a população possa usufruir, de maneira democrática, de seus direitos.
Portanto, é responsabilidade do Governo, mais especificamente do órgão educacional do país (MEC), criar políticas públicas. A priori, de acordo com Kant, “o homem é aquilo que a educação faz dele”, assim, para que a sociedade seja capaz de exigir o Estado de Hobbes, é necessário investir na educação. Isso deverá ocorrer por meio da construção de novas escolas, as quais terão campanhas de incentivo à ida ao cinema e que reivindiquem a criação de mais salas cinematográficas. Tudo isso deve ser feito com o objetivo de democratizar o acesso ao cinema brasileiro, através do conceito de Paulo Freire.
Autora: Silvia Rosa Prieto Urzêdo
3ª série
Redação com 980 pontos no ENEM.