Pleonasmo – [Do gr. pleonasmós, ‘superabundância’, pelo lat. tard. pleonasmu.]
1. E. Ling. Redundância de termos que em certos casos têm emprego legítimo, para conferir à expressão mais vigor, ou clareza. Ex.: Vi com estes olhos que a terra há de comer.
2. Trata-se de termo genérico, que tanto pode adornar a linguagem, como torná-la feia e sem encanto. No primeiro caso, em que se busca dar força à expressão, chama-se pleonasmo de estilo. Ex.: “Vi com meus próprios olhos”. No segundo caso, caracteriza vício da linguagem e chama-se pleonasmo vicioso, longe de enfeitar o estilo, apenas repete desnecessariamente ideia já referida. Ex.: “Subir para cima”.
3. Expressões com pleonasmo de estilo trata-se de construção irrepreensível, porque “o pleonasmo deixa de considerar-se vício para classificar-se como figura desde que, sem tornar deselegante a frase, contribua para dar maior relevo à ideia”.1
4. Quanto à tautologia (de tautos, em grego, que exprime a ideia de mesmo, de idêntico), trata-se de outra denominação que recebe o pleonasmo vicioso e se caracteriza pela seguida repetição, por meio de palavras diferentes, de um pensamento anteriormente enunciado, baseando-se “no desconhecimento da verdadeira significação dos termos empregados, provocando redundância ou condenável demasia verbal”.2
5. Além dos lapsos mais comuns nesse campo (subir para cima, descer para baixo, entrar para dentro, sair para fora, menino homem…) e verificáveis até com perfunctório cuidado, há outros de identificação mais difícil, mas que, de igual modo, devem ser evitados, ainda que à custa de maior atenção: breve alocução (alocução já significa um discurso breve), monopólio exclusivo (está ínsita em monopólio a ideia de exclusividade), principal protagonista (protagonista já é o personagem principal), manusear com as mãos (manusear já tem por radical, em latim, a ideia de atuar com as mãos), preparar de antemão (por força do prefixo latino pre, preparar já tem em si a idéia de anterioridade), prosseguir adiante (não há como prosseguir para trás, já que o prefixo latino pro tem o significado de movimento para a frente), prever antes (por força do prefixo latino pre, significando anterioridade, prever depois não é prever), prevenir antecipadamente (o prefixo latino pre já traz em si a idéia de anterioridade), repetir de novo (em razão do prefixo latino re, repetir já significa atuar de novo), boato falso (boato já significa um relato sem correspondência com a verdade).
Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:
elo de ligação
encarar de frente
acabamento final
multidão de pessoas
certeza absoluta
amanhecer o dia
quantia exata
criação nova
nos dias 8, 9 e 10, inclusive
retornar de novo
juntamente com
empréstimo temporário
expressamente proibido
surpresa inesperada
em duas metades iguais
escolha opcional
sintomas indicativos
planejar antecipadamente
há anos atrás
abertura inaugural
vereador da cidade
continua a permanecer
outra alternativa
a última versão definitiva
detalhes minuciosos
possivelmente poderá ocorrer
a razão é porque
comparecer em pessoa
anexo junto à carta
gritar bem alto
de sua livre escolha
propriedade característica
superávit positivo
demasiadamente excessivo
todos foram unânimes
a seu critério pessoal
conviver junto
exceder em muito
fato real
Note que todas essas repetições são dispensáveis.
Por exemplo, “surpresa inesperada”. Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não.
Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia a dia. Verifique se não está caindo nesta armadilha.
6. Nem sempre é fácil identificar tautologias, quer por desconhecimento do real significado das palavras, quer porque há expressões que estão enraizadas no uso e são de difícil expurgo: abertura inaugural, acabamento final, detalhes minuciosos, metades iguais, empréstimo temporário, encarar de frente, planejar antecipadamente, superávit positivo, vereador da cidade.