“O tudo e o nada”

29 de setembro de 2017 - 20:12:00. Última atualização: 23 de julho de 2019 - 11:03:25

Era um fim de tarde ensolarado em que eu seguia a caminho de uma viagem de negócios. Sentia inúmeras espécies de borboletas brincarem no meu estômago. Maldita ansiedade. Podia explicar aquilo apenas por estar à caminho de algo extremamente importante, quase tudo para mim, algo que mudaria minha vida e bem mais do que eu imaginava.

O tempo foi passando e eu, sozinha naquele carro, ouvia músicas no rádio e tentava me manter acordada, sabia que não podia parar para descansar, pois assim chegaria atrasada. Duas horas depois, eu comecei a sentir minhas pálpebras pesarem, já não podia contê-las e cada piscada se tornava um momento maravilhoso de alívio do sono.

De repente aquele alívio se tornou longo demais. Abri os olhos assustada e percebi uma luz muito forte se aproximando cada vez mais. Foi então que eu ouvi o estrondo, não houve o que fazer. Senti o cinto de segurança desprender e uma dor horrível ao bater no vidro e voar para fora do carro. Cai com muita força no chão e, enquanto passava um filme de memórias na minha cabeça, pude ver um carro se aproximando.

Não consegui me mover e o veículo passou por mim como uma pedra qualquer. Rolei pela estrada, caindo em uma ribanceira e sentindo a maior dor que já tinha sentido até então. Olhei ao redor e só havia mato. Olhei o meu corpo e percebi que agora eu só possuía uma perna. Chorei como uma criança desesperada, enquanto via a poça de sangue que se formava ao meu lado e perdia todas as minhas forças.

Acordei. Senti-me mais leve, meu corpo parecia estar iluminado e eu tinha duas pernas novamente. Comecei a andar e me recordei de tudo o que havia ocorrido. Foi então que conclui: eu estava morta. Não houve reação, saí correndo aos prantos e suspeitei estar em um cemitério. Alguns passos depois e encontro minha família e amigos em volta de um caixão. Quase todos choravam lágrimas de tristeza e de saudade. Um velório triste e comovente.

Sentia-me leve, arrependida e principalmente vazia. Sabia que ninguém me via ou ouvia. Comecei a me lembrar de toda minha vida e me arrepender de incontáveis fatos. Talvez ainda nem tivesse aproveitado o suficiente; agora seria impossível. Observei meu caixão ser colocado na cova; na lápide estava meu nome e uma bela foto. Depois vi todos seguirem seu rumo. Então, sentei em meu túmulo e foi aí que percebi: agora eu era pó. Em uma piscada de olhos, passei de “tudo” ao “nada”! E assim foi o meu fim.

Nota: Este relato é produzido a partir da perspectiva de um narrador que é defunto-autor. 







Aluna: Silvia Rosa Prieto Urzêdo 


1ª série “A” – Ensino Médio 


Profª Drª Priscila Toneli

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