A ciência por muito tempo não enxergou a felicidade. Só em 1998, Martin Seligman, pesquisador da Universidade da Pensilvânia, especialista em depressão, deu uma palestra e pediu que os cientistas começassem a se preocupar com as qualidades humanas e não com os defeitos.
Então surgiu a psicologia positiva que descobriu que a felicidade está sob nosso controle e que não precisamos ficar inertes, esperando ela dar as caras. Descobriram o que você pode fazer para ser mais feliz e não é pouca coisa.
O primeiro passo para conhecer a ciência da felicidade está em entender como o nosso cérebro registra o tempo. Para eles, o presente não existe. Dura poucos segundos antes de se tornar uma memória armazenada na nossa cabeça. Esse fato é o maior obstáculo para a felicidade. Para que sintamos felizes no presente, algo de bom teria de acontecer conosco o tempo todo.
Não dá para ser feliz o tempo todo. O segredo está em armazenar e criar memórias felizes, que poderão ser revisitadas para sempre. O criador dessa teoria é Daniel Kahneman, psicólogo obcecado em entender como o nosso cérebro funciona. Segundo ele, o presente não dura mais que três segundos. Vivemos entre o eu do presente e o eu do passado e somos feitos essencialmente de memórias. Para ser mais feliz, então, é preciso mexer no passado.
Para o psicólogo, os dois eus não costumam concordar. O eu presente é péssimo em influenciar a nossa felicidade, que foi determinada pelos acontecimentos mais recentes.
O que a neurociência coletou para aumentar a felicidade?
Como hackear o passado – mexa no presente para deixar o passado do futuro mais feliz.
1- Multiplique as boas lembranças – viaje para dois lugares diferentes.
2- Gaste seu dinheiro com experiência, não com objetos – gastar dinheiro com coisas que ficam na memória, que gerem sensações: as experiências. Invista num show de que você goste.
3- Não se preocupe com os momentos ruins da vida – seu cérebro vai transformá-los em algo bom – quando falamos sobre os pontos baixos da vida, nossa percepção sobre eles muda. O acontecimento ruim pode virar anedota ou numa experiência de formação de caráter no futuro.
4- Mude a rotina – agite o dia. É a maneira simples de hackear a memória.
5- Deixe o melhor para o final – deixe as atividades prazerosas para o final do dia.
O poder do foco – meditação é um bálsamo para a mente. Diminui a ansiedade, o estresse, a dor e a depressão.
1 – Coloque-se numa posição confortável;
2 – Marque o tempo no celular;
3 – Feche os olhos;
4- Concentre-se nos movimentos da sua respiração, observando a entrada e saída do ar;
5 – Um mantra pode ajudar;
6 – Observe os pensamentos que vêm e vão, sem se engajar neles. O essencial é não deixar o cérebro escapar para pensamentos aleatórios;
7. Coma meditando;
8. Ande meditando – foque para não dar espaço à ansiedade ou sofrimentos.
O estado de graça (flow – fluxo) – mais prazer – passar tempo com os amigos íntimos; socializar depois do trabalho; relaxar; almoçar; jantar.
Somos capazes de botar o nosso cérebro em um estado mental prazeroso quando quisermos.
O flow exige imersão e concentração, usar o cérebro no limite. Quando conseguimos, o mundo ao redor desaparece, o tempo começa a voar. Há a sensação de felicidade. Artistas e atletas são especialistas em alcançar esse estado. Quem corre está nos limites da concentração, coordenação e autocontrole. Escrever, compor, pintar e dançar exige criatividade, memória e imaginação. Cozinhar, fazer tricô, montar trens em miniaturas, aprender mandarim. Se seu trabalho não proporciona esse estado, você deve procurar algo que o faça. Muita habilidade e muito desafio é disso que o flow é feito.
Um antídoto para a tristeza – O que determina a felicidade é a velocidade com que os acontecimentos ruins serão superados. É conseguir se recuperar da adversidade mais rápido. Se as condições ideais não estão ao alcance, nosso cérebro se prepara para se contentar com a segunda melhor opção disponível.
Mulheres idosas solteiras chegam à velhice com mais amizades significativas.
As defesas da felicidade podem ser turbinadas com práticas diárias. O otimismo é a chave da imunidade, ter uma visão otimista sempre ajuda.
Não existiria som, se não houvesse o silêncio. Não existe prazer sem dor. Só é feliz quem conheceu a tristeza.
Gratidão – surgiu em 2015 nas redes sociais, viralizou a não realidade. Gratidão é fonte real de felicidade. Detector de coisas boas, quando agradecemos pelo bom da vida, ficamos mais conscientes. Pessoas gratas apreciam mais as coisas simples da vida.
O be-a-bá da gratidão – dedique cinco minutos para agradecer alguém que te ajudou. Anote três coisas boas que aconteceram no dia.
Nada – nada mesmo – é mais importante do que as pessoas – cerque-se de pessoas, primeiro da família e depois de amigos. Aprendemos a cuidar uns dos outros, a trabalhar em grupo.
Felicidade – o tempo todo é insustentável, tanto a alegria extrema com a tristeza profunda. Viver em êxtase, atrás da felicidade delirante é perigoso. Foque na calma e no contentamento. Viver em paz é o arroz com feijão que nos mantém vivos.
Felicidade é amor. Ponto final.
Artigo publicado na Revista Superinteressante (mês setembro/17) e resumido pela Coordenadora Pedagógica Eliana Prata.