“Falar somente com Deus ou sobre Deus”

11 de fevereiro de 2015 - 09:46:00. Última atualização: 23 de julho de 2019 - 11:02:44
Que as palavras ditas por nossas bocas são um forte instrumento de apostolado,
conversão e salvação para nós e para o próximo não há dúvida alguma. Foi também
com discursos, conversas, sermões e parábolas que Cristo legou sua mensagem aos
apóstolos. “É por tuas palavras que serás justificado ou condenado” (São Mateus
12,7), tamanha é a importância e o valor daquilo que pronunciamos. Assim, São
Domingos de Gusmão fundou no séc. XIII a Ordem dos Pregadores destinada a
propagar a fé católica, defendê-la dos ataques dos hereges e salvar almas. Para
atingir esses objetivos, São Domingos deu importância especial aos estudos e à
pregação, sem nunca descuidar da assídua oração, por isso “falar somente com
Deus ou sobre Deus”.
Mas que importância teria essa frase para nós que
vivemos séculos depois de São Domingos e nem somos dominicanos? A importância é
capital, afinal ela encerra duas máximas essenciais para a vida de todo cristão:
a oração e as boas conversas.
A oração para São Tomás de Aquino, consiste na
elevação da alma a Deus. Aquele que reza se desprende momentaneamente de suas
preocupações materiais, ambições e desejos para se fixar somente no Criador. Por
isso, a oração é um “falar somente com Deus”, ela pressupõe certa concentração e
respeito, ou seja, uma atenção especial na presença divina. Ao rezarmos o
rosário ou conversamos amigavelmente com Deus no Santíssimo, Cristo nos ouve,
garantindo-nos as graças que pedimos e necessitamos para nossa salvação eterna.
Por isso, o Catecismo Romano prescreveu a absoluta necessidade da oração para a
vida do católico. Pela oração glorificamos a Deus, evidenciamos nossa plena
dependência em relação a Ele, reconhecemos nossa contingência  perante ao Ser
necessário e o agradecemos por ser o Autor de todos os bens.
O outro ponto que a frase de São Domingos nos
remete são as boas conversas, ou seja, o falar sobre Deus. Parece que se
fôssemos falar somente sobre Deus em nossas conversas logo ficaríamos sem
assunto. Na verdade, todas as nossas conversas podem, mesmo que indiretamente,
falar sobre Deus; o ideal é que busquemos com elas sempre a agradá-lo. Ao
observarmos e comentarmos com alguém, por exemplo, a alegria que um um
beija-flor transmite, seu voo lépido, seu bater de asas ligeiro, a majestade com
que parece pousar no ar para sugar o néctar das plantas e a pressa com que vai
embora ao aproximar-se de um observador curioso, estamos remetendo nossa
conversa ao Criador. Ao comentarmos os feitos dos santos, seus milagres, os
fatos de suas vidas ou suas virtudes, estamos com isso glorificando a Deus, que
foi tão bom ao operar maravilhas neles para que assim nos tivéssemosmos exemplos a
imitar em nossas vidas. 
Vemos, com isso, um reflexo da beleza da Deus e podemos
vislumbrar um pouco do Céu, pois se aqui nesta Terra Deus criou e operou tantas
maravilhas, quanto mais então no Céu! E até mesmo boas conversas como um meio de
lazer e repouso agradam a Deus, pois ensina São Tomás de Aquino que a alma
também necessita de repouso e isso se obtém com o lazer, no qual as conversas se
incluem, desde que guiadas sempre pela reta razão.
Desse modo, que a frase de São Domingos de Gusmão
nos estimule a buscarmos a santidade e a perfeição também em nossas conversas
com Deus e com o próximo.
Fonte: Arautos do Evangelho em Joinville

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