“Elitização cultural”

Durante o modernismo, os romances de 1930 buscaram retratar o contexto vivenciado no Brasil, fazendo uma divulgação dos problemas sociais. Desse modo, nota-se que a ficção atua como uma importante maneira de compreender a situação do país, o que pode ser percebido no cinema, dado que, assim como no modernismo, o enredo dos filmes contribuem para fazer os indivíduos refletirem sobre a realidade. No entanto, observa-se que não há democratização do acesso aos cinemas no Brasil, o que dificulta a formação crítica promovida por essa ferramenta, seja pela falta de consciência da sociedade sobre sua importância, seja pela comercialização da cultura.

Diante dessa problemática, é indubitável que a população brasileira não desenvolveu a consciência necessária para compreender que o cinema tem grande importância na divulgação de fatos da realidade. Segundo Immanuel Kant, “o ser humano é o que a educação faz dele”, ou seja, as ações humanas são um reflexo do conhecimento adquirido por eles. Seguindo esse pensamento, entende-se que a falta de conhecimento dos brasileiros faz com que eles não cobrem ações governamentais para democratizar o acesso ao cinema, uma vez que grande parte dos indivíduos ainda interpretam os filmes como entretenimento e não percebe que eles são meios de comunicação, que debatem, mesmo que de maneira ficcional, temas de grande relevância para a sociedade, como violência, saúde e desigualdade social. Assim, é preciso que as escolas incentivem os alunos a valorizar o cinema.

Ademais, a sociedade utiliza o cinema como uma forma de obter lucros, por isso possui altos preços, o que impede o acesso aos filmes pela população de baixa renda. Conforme Adorno e Horkheimer, o termo Indústria Cultural designa o controle das empresas sobre os meios de comunicação, o que faz com que a cultura seja vendida à população, isto é, as expressões culturais e as informações são comercializadas como produtos. Nesse sentido, percebe-se que o fato de que as indústrias estão vendendo a cultura propagada pelos cinemas faz com que os indivíduos que não podem pagar sejam excluídos do acesso às informações transmitidas pelos filmes. Prova disso é os cidadãos que vivem em regiões periféricas e sem infraestrutura não frequentam o cinema, já que os preços são abusivos. Sendo assim, a democratização do acesso aos cinemas é prejudicada pelos interesses empresariais.

Portanto, é necessário que o Governo implante nas escolas métodos de desenvolvimento da consciência sobre a importância da cultura. Tal ação deve ocorrer por meio de aulas de Literatura e Sociologia, que mostrem aos alunos a necessidade de compreender a atuação de indústrias que comercializam a cultura contida nos filmes, ressaltando o fato de que essa atitude diminui sua relevância em fazer os espectadores refletirem sobre a sociedade, para que os brasileiros, ao notar a decadência da cultura no Brasil, podem cobrar do Estado ações para reduzir os preços das entradas de cinema. Somente assim, o ser humano ideal de Kant impedirá que a Indústria Cultural dificulte a democratização dos cinemas.

Autora: Geovana de Paula Pereira
3ª série
Redação com 920 pontos no ENEM.

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