O Estatuto da Infância e Adolescência (ECA) determina que a criança tem idade inferior a 12 anos e o adolescente entre 12 e 18, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a adolescência vai dos 10 aos 19 anos. Há muitas perspectivas quando o assunto é Desenvolvimento Humano, especialmente no que tange à infância e adolescência, mas nem sempre foi assim. Os primeiros entendimentos de infância como etapa distinta da idade adulta surgiram no século XV somente, até então as crianças eram vistas como “adultos em miniatura”. Durante a Revolução Industrial, era comum que os pequenos trabalhassem em jornadas de 14 horas diárias nas fábricas, sofrendo, além da exploração no trabalho, todo tipo de agressão e violência nesse ambiente por salários que giravam em torno de um quinto do salário de um adulto, que já era pouco.
Foi em fins do século XIX e durante o século XX que pesquisas psicológicas e pedagógicas floresceram, trazendo a infância para o centro das discussões como objeto de estudo, de preocupação e de cuidado como conhecemos hoje. A lista de proeminentes estudiosos do desenvolvimento humano inclui Urie Bronfenbrenner, Erik Erikson, Sigmund Freud, Jean Piaget, Barbara Rogoff, Esther Thelen e Lev Vygotsky. Embora esses teóricos e outros difiram entre si em suas perspectivas de compreensão do desenvolvimento, suas teorias se complementam quando são estudadas por psicólogos, pedagogos, professores, médicos, pais etc. Vamos ver algumas delas!
A “epistemologia genética”, teoria criada e assim chamada pelo próprio Piaget (1896-1980), é uma das mais conhecidas. Para o psicólogo suíço, há quatro importantes fases no desenvolvimento humano, sendo os estágios sensório-motor (0-2 anos), pré-operacional (2-7 anos), das operações concretas (7-11 anos) e das operações formais (11-14 anos). No primeiro estágio, a criança desenvolve as sensações e a coordenação motora. É quando ela começa a perceber o mundo ao seu redor dando início ao reconhecimento dos objetos, ainda que tenha capacidade cognitiva limitada. Do segundo até o quarto estágio, a criança aprende a nomear tais objetos e cria representação mental deles, assim como capacidade cognitiva de resolução de alguns problemas e também aprende a interpretar. Já na adolescência, o raciocínio lógico se desenvolve de fato e o indivíduo começa a pensar por si só, ao mesmo tempo em que tem a capacidade de criar teorias e refletir sobre as possibilidades do mundo.
Já o psicólogo e psicanalista teuto-americano Erik Erikson (1902-1994), conhecido pela sua Teoria do Desenvolvimento Psicossocial, pontuou que a personalidade se desenvolve pela resolução de tensões em oito etapas ao longo de toda a vida. As mais importantes para este texto são: confiança vs. desconfiança (0-2 anos), autonomia vs. vergonha e dúvida (2-3 anos), iniciativa vs. culpa (4-5 anos), diligência vs. inferioridade (6-11 anos) e identidade vs. confusão de identidade (12-18 anos). Tais fases são vivenciadas como conflitos que estimulam a evolução do indivíduo, desenvolvendo uma qualidade psicológica ou não, pois há tanto potencial de sucesso, quanto de fracasso em cada uma das etapas. Nesse último caso, a pessoa poderá ficar com uma sensação de insuficiência no aspecto do desenvolvimento no qual não teve sucesso e, portanto, não desenvolveu as habilidades necessárias para enfrentar os desafios da próxima fase.
Como já dito antes, há muitas perspectivas diferentes sobre o desenvolvimento infantil, cada uma com suas marcações e importância particular. O que se deve ter em mente é que não existe o “desenvolvimento perfeito ideal”, mas que é preciso manter as crianças em ambiente de constante diálogo, estímulos e relações saudáveis para que elas possam crescer da melhor maneira possível. Não é segredo para ninguém, a família e a escola têm papel singular e primordial nesta tarefa!