“Convivência familiar: divisão de tarefas e responsabilidades”

26 de setembro de 2013 - 13:03:00. Última atualização: 23 de julho de 2019 - 11:02:06
Há que se cuidar da vida,
esse dom maior que nos foi dado de presente. Há que se cuidar da educação
humana, cuidar do desejo e do sentido de viver. 
Cuidar do sentido de viver é cuidar das relações entre o casal, e da
educação dos filhos – broto do amor. E esse broto nasce no ambiente familiar.
Porém, o que cada vez mais
constatamos é que, lamentavelmente, a família está perdendo a sua identidade.
Precisamos resgatar os nossos papéis, precisamos desfazer o equívoco e
restabelecer a função da família, a função dos pais.  
Cada vez mais,
na sociedade contemporânea, o papel da família (pais, mães, e outros familiares
responsáveis pela criação dos filhos) deverá ser essencialmente focado para
educar a criança e o jovem para a autonomia. Isso implica, fundamentalmente, em
dar a eles responsabilidades, deixando,
pouco a pouco, de fazer por eles o que já conseguem fazer sozinhos. Os
pais devem buscar compreender que os filhos necessitam tomar decisões.
Defendemos quatro posturas que devem ser vivenciadas nas experiências
familiares, para que as crianças e os jovens possam ao se tornarem adultas,
pessoas integradas na sociedade, que saibam vivenciar o sentido de comunidade,
em oposição ao do individualismo humano. Essas posturas deveriam, a nosso ver,
ser implantadas em casa com todos da família; não importa a idade dos filhos,
dois, quatro ou quatorze anos, todos participam. 
Þ   
Cooperação:
Ela começa nas pequenas tarefas e atitudes do cotidiano. Seu objetivo maior é o
benefício mútuo, levando os envolvidos a uma respeitosa consideração, um
cuidado constante. Quando os filhos internalizam, através de ações e exemplos,
que todos na família devem cuidar de tudo, cada um com um papel, as funções são
mais bem distribuídas, e a mãe não precisa mais correr de um lado para outro,
para atender aos ‘folgados’ da casa. Cooperar, no ambiente familiar, é cada um
ter uma função, para aliviar as tarefas, que são de todos.
Þ   
Responsabilidade:
É desenvolver o sentido de proteção a si mesmo e de manter o equilíbrio, não só
da família, mas do ambiente na qual a família está inserida; é o que chamamos
de atmosfera emocional da casa.
Quando todos conseguem desenvolvê-la, não há as cobranças chatas e cansativas
(“você já arrumou seu quarto?”; “você já guardou seus brinquedos?”; “já estudou
e fez as lições da escola?”). O sentido de responsabilidade começa no campo
individual, mas sua repercussão assegura o benefício de todos.
Þ   
Conflito:
Ele começa quando falta o reconhecimento da identidade pessoal (Quem sou
eu? Qual é o meu papel e a importância dele nesse grupo familiar?) e,
consequentemente, da do outro. Cada integrante da família confunde seu papel,
porque não reconhece sua identidade e, portanto, não consegue colocar-se no
lugar do outro, instalando-se desse modo um mal estar difícil de ser
harmonizado. No conflito mal vivenciado, ninguém escuta ninguém; é aquela visão
de que a minha vontade é que tem de prevalecer, eu tenho razão, por isso você
deve me obedecer.
 Não temos como
pretensão afirmar que esses aspectos, por si só, garantam a legitimidade e a
melhoria das relações familiares. Porém, eles supõem a consecução de metas a
serem alcançadas em momentos diários. Remete-nos à possibilidade de uma maior
compreensão dos problemas, maior sensibilidade para a busca de soluções, maior
inclinação para atitudes mais comprometidas de maneira integral e proativa.
Acreditamos que isso já é um bom sinal, ou melhor, um ótimo sinal!

Þ   
Coexistência:
Associamos este aspecto à tolerância, pois tolerar é coexistir, é existir
com o outro, é reconhecer o outro, a sua individualidade e diversidade. Nesse
sentido, eliminam-se as máscaras (eu não preciso representar um papel, eu
demonstro quem verdadeiramente eu sou, pois haverá tolerância do outro diante
de mim), diluem-se as tensões, eliminam-se os preconceitos. Quando os filhos
aprendem, por exemplo, que não há necessidade de mentir para os pais, mesmo
sabendo que eles não concordarão com seus pontos de vista. 
 É muito difícil
mudar uma estrutura familiar que há anos desempenha um determinado papel, às
vezes bem diferente desse que aqui propomos. De fato, são muito poucos aqueles
que são capazes de mudar a maneira de ver, entender, lidar e agir com as
pessoas e coisas. Mudar implica longo processo de demolição/reconstrução. Não
se trata apenas de escutar (ou ler) certas regras de conduta, mas, sim de
desembaraçar-se de outras tantas acumuladas ao longo dos anos.
Mas acreditamos
ser possível para quem realmente almeja concretizar sonhos de uma vida melhor,
sonhos de relações familiares mais duradouras, mais dignas, relações permeadas
pela luz, e não pela sombra. 
Sugestão de
Bibliografia:
  • MIGLIORI, Regina de Fátima. Ética, valores humanos e transformação. São Paulo: Ed.
    Fundação Peirópolis, 1998.
  • TIBA, Içami. Quem
    Ama Educa
    . 2ª. ed. São Paulo: Editora Gente, 2002.
RENATA
GAZZINELLI, pedagoga, especialista em Educação, pós-graduada em Educação Ambiental
e Sustentabilidade, MBA em Gestão de Instituições Educacionais, Gerente de
Relacionamento da REDE PITÁGORAS.
  

Renata
será a palestrante da próxima Escola de Pais CNSD que acontecerá nesta
sexta-feira (27), às 19h30 no Centro de Convenções.

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