O livro “A invenção de Hugo Cabret” narra a história de menino órfão e abandonado; ao longo da narrativa, é contado um pouco da trajetória do cinema, porque, antes de viver sozinho, Hugo assistia muitos filmes com o pai, sendo fator importante para a formação do jovem que, com essa vivência, torna-se criativo e curioso, habilidade que contribui para sua sobrevivência. Diante disso, é nítido que o Brasil precisa democratizar o acesso ao cinema, pois a falta de oferta dessa mídia para todos os brasileiros evidencia a falha governamental em promover cultura e lazer à população e, consequentemente, o surgimento de uma comunidade culturalmente lesionada.
Nesse cenário, é notório que o acesso ao cinema restrito às áreas desenvolvidas é decorrente da falha governamental ao não garantir direitos iguais a toda população. Assim, esse fato rompe com o Contrato Social, teoria do filósofo Hobbes, em que a sociedade cede o direito de governar a um poder maior, o Estado, contanto que esse assegure seus direitos. Com isso, ao negligenciar o igual acesso ao cinema, o Governo descumpre com a Constituição, que se baseia nesse contrato, falhando especificamente com o artigo 6º, que promete disponibilizar cultura e lazer de qualidade para todos. Dessa forma, para reparar esse erro, deve ser promovido o acesso ao cinema, porque nenhuma região deve ser priorizada em uma democracia.
Ademais, a falha governamental em promover o acesso democrático ao cinema ocasiona no surgimento de grupos culturalmente lesionados, pois, ao terem a fonte negada, não consegue integrar os movimentos culturais surgidos a partir da sétima arte. Por exemplo, um indivíduo pertencente a uma comunidade que não tem acesso ao módulo cinematográfico não conseguiria integrar o fenômeno cultural que foi os filmes da franquia “Vingadores”. Logo, a exclusão regional torna-se uma exclusão cultural, já que os indivíduos não terão a mesma vivência que as pessoas que contam com o acesso ao cinema. Assim, considerando a cultura como fundamental para construção do indivíduo, conclui-se que a cultura é uma forma de educação. Com essa perspectiva, ao negar acesso à cultura a uma parte da população, essa tem sua formação educacional lesionada. Com isso, contrapondo o que pensava o filósofo Kant, que o indivíduo é aquilo que a educação faz dele. Dessa maneira, sem acesso à cultura devido à falta de democratização, o indivíduo tem sua formação abalada, sem a educação, devido à falta de democracia do cinema, o indivíduo fica incompleto.
Portanto, para reparar essa desigualdade e oferecer um acesso igualitário aos cinemas, o Governo Federal, órgão responsável por zelar pela nação, deve promover o surgimento de cinemas locais, por meio de incentivos fiscais, para que assim passe a ter um acesso igual à cultura. Desse modo, os brasileiros podem desenvolver habilidades decorrentes da experiência cinematográfica semelhante ao personagem Hugo Cabret.
Autora: Maria Clara Damacena Santos
3ª série