O sociólogo Zizek afirma que quanto mais olhares sobre uma causa, mais ela será desenvolvida, o que significa que quanto mais notoriedade um assunto em discussão recebe, mais rápido esse será solucionado. Essa afirmação faz-se relevante quando a democratização do acesso ao cinema no Brasil é discutida, uma vez que, apesar de possuírem o direito de ir e vir, não são todos os cidadãos que possuem acesso à arte cinematográfica. Dessa forma, torna-se evidente que essa problemática tem como causas a má distribuição geográfica dos cinemas e a desigualdade social brasileira.
Em primeiro lugar, é indubitável que o Governo Federal possui o dever de garantir o livre acesso de sua população a todos os estabelecimentos públicos. Entretanto, ao realizar uma má distribuição das salas de cinema por todo o seu território, focando em aumentar o número dessas instalações em cidades mais povoadas e em bairros com renda mais alta, esse órgão contribui para uma quebra de contrato social, um acordo, proposto por Hobbes, no qual o Estado garante os direitos da sociedade. Com isso, é essencial que o Governo cumpra seu dever de garantir os direitos de sua população.
Além disso, a desigualdade social do Brasil faz com que muitas pessoas, principalmente de classes mais altas, pensem que a arte não é para todos. Segundo Immanuel Kant, o ser humano é aquilo que a educação faz dele, ou seja, uma pessoa é resultado daquilo que lhe foi ensinado. Seguindo esse pensamento, aquelas pessoas mais avantajadas por terem sido educadas que a arte é para poucos, dão continuidade a esse pensamento, evitando que o Governo distribua os cinemas em bairros de baixa renda e cidades afastadas. Sendo assim, é de extrema importância o desenvolvimento do senso crítico de pessoas de classes mais altas.
Portanto, torna-se evidente que a desigualdade social e a má distribuição geográfica dos cinemas precisam ser minimizadas. Para tanto, o Governo Federal, órgão responsável em solucionar problemáticas como essa, deve promover uma menor concentração das salas de cinema nas cidades grandes, instalando novas salas em cidades mais afastadas para que sua população receba a arte cinematográfica. Ademais, é preciso que haja um melhor desenvolvimento do senso crítico de classes altas, para que essas desenvolvam o pensamento que a arte é para todos, fazendo, assim, com que esse assunto ganhe notoriedade e seja solucionado.
Autora: Letícia Rafaela Perez Batista
3ª série