Os ataques de aliados ocidentais e árabes contra o regime de Muammar Gaddafi avançaram pela terceira noite na Líbia. Aviões de guerra e mísseis bombardearam partes do país na madrugada desta terça-feira (22). Mas não é apenas o ditador líbio quem enfrenta problemas – a coalizão está sob fortes críticas, com seus integrantes divididos.
Entenda o que é uma zona de exclusão aérea
ONU autoriza bombardeio na Líbia
Autorizada na última semana pelo Conselho de Segurança da ONU, que autorizou a criação de uma área de exclusão aérea e deu luz verde aos ataques, a coalizão está sob críticas de aliados ocidentais como o Brasil e a Alemanha. Outros países, como a Itália, querem a Otan (aliança militar do Ocidente) no comando das operações.
Nesta segunda-feira (21), o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, disse que seu país poderá retomar o controle das bases aéreas da Sicília, cedidas à operação dos países aliados contra a Líbia, se a Otan não definir uma estrutura de coordenação para a missão.
Durante sua visita ao Chile, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também mostrou que não quer estar no front da Líbia. Ele disse que o comando da operação não será americano, embora tenha garantido total apoio aos aliados.
Até o momento, a França tem sido a principal líder da operação, tanto porque o governo francês tem interesses diretos na crise líbia – na última semana, enquanto via o avanço dos rebeldes, o presidente francês Nicolas Sarkozy reconheceu o governo provisório da oposição. A vitória de Gaddafi sobre os rebeldes representa, agora, um grande constrangimento ao líder francês, preocupado com a proximidade de sua campanha de reeleição.
A oposição líbia foi às ruas em 15 de fevereiro para pedir o fim do regime de quatro décadas de Gaddafi. Segundo organizações de direitos humanos, cerca de 6.000 pessoas morreram na repressão.
Divisão atinge Otan e Liga Árabe
A campanha aérea na Líbia gerou desconforto entre os países membros da Otan e críticas por parte da Liga Árabe, de quem ainda cobra a cooperação prometida para a operação aliada.
Nesta segunda-feira os países membros do tratado de cooperação militar terminaram sem acordo uma reunião para discutir o assunto. Fontes disseram que pelo quinto dia consecutivo haverá novas discussões nesta terça-feira.
Embaixadores dos 28 países que compõem a Otan tentam traçar um plano completo sobre como se dará a zona de exclusão aérea e os embargos aprovados pela ONU em relação à Líbia.
No entanto, posições da Alemanha e Turquia vêm atrasando as votações. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwell, justificou o voto de abstenção no Conselho de Segurança citando as críticas dos países árabes.
Bombardeios fazem Gaddafi recuar
Forças leais ao ditador líbio recuaram do reduto rebelde em Benghazi e duas outras cidades, após ataques aéreos autorizados pela ONU, afirmou um oficial de segurança nacional dos Estados Unidos à TV árabe Al Jazeera nesta segunda-feira.
O funcionário, que não quis ser identificado, disse que o avanço das forças de Gaddafi contra Benghazi, Ajdabiya e Misrata havia “parado”como uma consequência da ação militar, composta por EUA, Reino Unido, Dinamarca, Canadá, França, Itália e, mais recentemente, Espanha e Noruega.
Correspondentes de guerra na Líbia e agências internacionais de notícias relataram nesta segunda-feira fortes explosões e fogo de artilharia antiaérea nas proximidades da casa de Gaddafi, em Trípoli. A TV estatal líbia confirmou a informação.
Fonte: R7