É muito comum hoje em dia, tratar a cultura africana como algo diferente da cultura própria brasileira, mas, historicamente, o povo brasileiro compreende nas veias e no coração uma mistura incontestável de culturas, sendo a africana indispensável no resultado final.
Metade do vocabulário brasileiro, por exemplo, descende dos negros africanos: pipoca, feijoada, capoeira e muitas outras palavras migraram da África para o Brasil nos navios negreiros juntamente com seus falantes e aqui criaram raízes por mais que tenham sido repreendidas.
Mas, como diz Maquiavel em sua extraordinária obra “O príncipe”, a cultura de um povo não deve ser contestada, pois assim o dominador passa a ser odiado e focos de rebeliões rugem no território. Esse acontecimento, combinado com a louvável maioria da população negra em relação aos brancos, gerou tumultos, fugas e um nacionalismo crescente por parte dos negros traficados que fizeram da cultura brasileira o que é hoje: rica, própria e “preta”, tanto no que diz respeito à culinária, às lutas e às danças, à linguagem e às crenças quanto ao que diz respeito à religião (como o Candomblé, por exemplo).
Como diz o poeta, “o tiro saiu pela culatra”: enquanto os brancos dignos do poder de fé e de riquezas tentavam sem descanso exterminar a cultura africana no Brasil, ela tomou força e acabou por ser praticada em sigilo, nos terreiros, nos quilombos e nas senzalas, desafiando senhores de escravos e impondo uma cultura ancestral que hoje é obrigatória e digna de ensino nas escolas brasileiras.
Apesar de toda essa caminhada dolorosa e necessária que tanto enriqueceu a cultura brasileira, o racismo ainda se faz presente entre uma maioria da população do Brasil, o que prova que o maior problema do ser humano, que causa mortes, guerras, destruição e tragédias é o desprezo pelas culturas diferentes e a valorização única e exclusiva da própria crença, um conceito de geografia chamado de xenofobia, um dos maiores problemas mundiais da atualidade.
Texto escrito pela aluna Júlia Barbassa França – 2ª série “B”.
Professora responsável: Profª Drª Priscila Marques Toneli