Podemos fazer uma analogia entre a árvore e a família, da seguinte forma:
As raízes são a base moral e precisam ser fortes e profundas, para que as intempéries e vicissitudes da vida não sejam capazes de arrancá-las da terra, ou seja, do propósito da beneficência, a qual todos os seres humanos, a priori, são destinados em sua passagem por esta vida. Manter raízes fortes implica em nutri-las diariamente com valores e virtudes como a disciplina, compaixão, responsabilidade, amizade, trabalho, coragem, perseverança, honestidade, lealdade e fé, para que sustente toda a estrutura da árvore familiar – do tronco até a copa.
O tronco é o corpo familiar, composto por sujeitos individuais, com características particulares e muitas vezes peculiares, como pequenas células, onde cada um tem seu papel, mas que, transformando-se em sujeito coletivo, o tecido, tornam-se uma estrutura maciça, densa, capaz de sustentar e dar forma para a história, os afetos, as experiências, a necessidade de pertencimento e de manter-se para auxiliar a copa, as flores e os frutos.
A copa é a expansão do núcleo familiar para o coletivo social. A brisa criada pelas folhas é acalanto para dias de calor, como ações que fazemos capazes de diminuir a dor, o sofrimento, a solidão e a angústia em outrem, através do cuidado, da generosidade, da amizade e da compaixão. As folhas ainda tem o papel de transformar CO2 em O2, ou seja, a família tem o papel de transformar através de atitudes diárias, a terra em um espaço onde se respire mais educação, generosidade e respeito. Estas mesmas folhas, reciclam-se ao se desprenderem dos galhos, em mudança de estação, e lançarem-se ao solo para beneficiar suas próprias raízes, mas não somente elas, como também de outras árvores em seu entorno, tornando-se adubo orgânico. Este é um papel necessário familiar: reciclar-se para gerar novos produtos morais ou dar mais força aos estabelecidos, para si, para seus amigos, conhecidos, comunidade, cidade e país.
As flores tem a clara intenção de perfumar, gerar pólen e embelezar. Permite a vivência da estética positiva, do belo, do harmonioso, como também a polinização, gerando frutos. O belo, em si, produz saúde, como é sabido por todos, além de qualidade de vida. Algo para questionarmos – estamos produzindo em nossas vivências familiares a virtude do belo ou o vício da feiura? Que qualidade de pólen produzimos? Nossos filhos são constituídos pelas virtudes da justiça, trabalho, compaixão, honestidade? Ou pelo hábito do julgamento, da preguiça, do egoísmo, da arrogância e desonestidade? Afinal, do que é constituído nosso pólen, de nossos filhos e netos?
Os frutos com suas sementes são o legado familiar. Através destes, a família se nutre e gera novos seres, que podem viajar pelo mundo ou permanecer em seu entorno. A verdade é que uma cerejeira sempre produzirá cerejas, jamais sendo capaz de produzir abacate, lima da pérsia ou maçãs. Nossos descendentes são e serão nossos frutos e sementes, espelhos de nossa alma. O cuidado consiste em gerar reflexos positivos, libertos e habitualmente virtuosos!
Podemos pensar, delicadamente, que somos uma majestosa árvore familiar enquanto humanidade, todos filhos de Gaia, a mãe terra!
Autoria: Anne M.
Koenig (mãe de Enzo Koenig Velloso – 5º. Ano “A”)