Sheila Lacerda Gennari Ribeiro é Coordenadora de Esportes do Colégio Nossa Senhora das Dores.
Graduada em Licenciatura Plena em Educação Física e pós-graduada em Educação Física Escolar e Gestão Escolar; Sheila relata nesta entrevista a importância e a necessidade das novas abordagens na Educação Física.
Por que inserir na Educação Física uma abordagem empreendedora?
A capacidade empreendedora é uma forma de ver o mundo e com ele estabelecer relações, algo que diz respeito à cultura, e deve ser incentivada desde a primeira infância. Lidar com crianças e adolescentes é lidar com autênticos empreendedores que ainda não se tornaram prisioneiros de valores e mitos sociais, ou libertá-los de modelos preestabelceidos pela sociedade.
Quais são os objetivos da Educação Física empreendedora?
Tornar a escola um ambiente cultural que venha a contribuir para a construção do sonho coletivo e entender que empreender é gerar conhecimento e não oferecer respostas prontas.
É preciso repensar o componente curricular Educação Física engajado nessa proposta transformadora. O professor precisa “recriar” sua metodologia e proporcionar ao aluno o desenvolvimento do protagonismo, o autoconhecimento, a auto-estima, uma vez que, desde o nascimento, a criança já é imersa em um contexto social que a identifica como ser histórico-social.
Quais são as finalidades da Educação Física?
Primeiramente, o desenvolvimento de uma atitude de curiosidade, reflexão e crítica frente ao conhecimento e à interpretação da realidade. Depois, a capacidade de utilizar, crítica e criativamente, as diversas formas de linguagem do mundo contemporâneo. Por fim, o exercício da cidadania para a transformação crítica, criativa e ética das realidades sociais.
Quais são os objetivos da Educação Física?
Permitir que os alunos apropriem da sua corporeidade por meio de diferentes práticas corporais.
Promover a apreensão crítica das manifestações corporais produzidas pela humanidade.
Assegurar o acesso às práticas corporais de movimentos a todos os alunos.
Contribuir com a promoção da saúde voltada para a qualidade de vida dos alunos.
Contribuir com a formação ética, estética e política dos educandos.
Possibilitar a convivência com a diferença e a diversidade.
Educar para o empreendedorismo.
Educar para o lazer.
Como o professor deve agir no ensino de uma Educação Física empreendedora e ética?
Ele deve utilizar e acrescentar recursos que vislumbrem ricas oportunidades de aprendizagem.
Desenvolver processos de permanente construção.
Desenvolver noção de mudança, visando a melhoria da qualidade de vida através da cooperação coletiva.
Apoiar a inserção transversal do conteúdo empreendedor e ético.
Utilizar a pergunta como estímulo ao entendimento e à compreensão, evitando respostas prontas, mas instigando e orientando sua construção.
Afastar-se, sempre que possível, da dicotomia certo-errado, da busca dos absolutos, de verdades definitivas.
Quais seriam as indicações para a organização da prática escolar de Educação Física?
Um alargamento da compreensão do corpo humano, ampliando-se o olhar para a sua dimensão histórica e cultural, rompendo a ideia ainda muito presente na educação de que o corpo se restringe ao biológico, ao mensurável.
Uma aproximação do ensino da Educação Física a um referencial histórico-social, que considere e investigue a história singular das crianças, porque as práticas corporais que elas construíram em sua vida constituem uma rica fonte de temas para as aulas.
Uma articulação e um alinhamento do ensino da Educação Física à função social de preparação para o mundo do lazer, tentando garantir o acesso e a vivência de práticas corporais lúdicas produzidas culturalmente, inclusive na própria escola, pelas crianças.
Um diálogo com uma concepção de ensino que tenha como referência permanente a dimensão humana, da (e na) qual a Educação Física deve investigar, conhecer e tratar a corporeidade humana.
Trabalhar atividades e/ou jogos de cooperação, socialização e inclusão, contribuindo para a formação do cidadão, tornando a aula de Educação Física um espaço para debates, pesquisas e descobertas.
Práticas corporais que ofereçam uma abertura para a participação de alunos portadores de alguma necessidade especial, proporcionando o desenvolvimento da capacidade perceptiva, afetiva, de integração e inserção social.
Nas práticas esportivas, vivenciar as diversas formas a partir das quais o esporte pode ser praticado, proporcionando ao aluno um novo olhar sobre o esporte, ampliando a visão fora das quatro linhas que delimitam uma quadra e uma bola.
Nas atividades rítmicas, conhecer novas manifestações de ritmos e danças através de brincadeiras cantadas, cantigas de roda, danças, construção de instrumentos musicais, vivenciando diferentes movimentos de expressão.
Ampliar as práticas corporais – proporcionando o autoconhecimento; a análise crítica para a prática de atividades corporais saudáveis.