A doença tem se tornado cada vez mais comum em crianças Foto: Getty Images |
Os pais de Aline* procuraram ajuda psiquiátrica quando a filha de 8 anos começou a tirar notas baixas na escola e a brigar constantemente com colegas da aula e com a irmã mais nova. A irritabilidade da menina chegou a um ponto tão alto que ela passou a confrontar também a babá e a professora. Depois de algumas sessões de terapia, o problema foi identificado e o diagnóstico pegou os pais de surpresa. Aline estava sofrendo de estresse, uma doença que tem se tornado cada vez mais comum em crianças pequenas.
A irritabilidade constante de Aline e as noites de insônia da menina de 8 anos foram explicadas quando sua vida atribulada foi observada. Quando tinha 6 anos, Aline começou a frequentar aulas de informática, balé, natação e inglês. Sem tempo para brincar, a menina começou apresentar sinais de que algo estava errado. O estresse apareceu em forma de irritação e baixo desempenho escolar.
Segundo a médica psiquiatra Sofia Bauer, o estresse é considerado um mal da vida adulta. Porém, quando uma criança passa a ter ocupações e um ritmo de vida acelerado como um “adultinho”, esta doença psíquica pode atingir os pequenos. “A principal causa de estresse infantil são os traumas. Trauma quer dizer que a criança passa por uma situação que ela não tem a menor condição de lidar. Pode ser desde uma simples tarefa que não sabe fazer à perda de um dos pais. Atualmente, o exagero de atividades infantis começa a ser um tipo de formador de estresse grave e muito comum. Isso ocorre porque as crianças não têm tido tempo para brincar e estão sempre ocupadas”, diz Sofia.
O caso de Aline não é um fato isolado. O estresse tem se mostrado cada vez mais comum em crianças dessa faixa etária. Dados de uma pesquisa do International Stress Management Association Brasil (ISMA-BR) mostram que, das 220 crianças entrevistadas, todas de Porto Alegre e de 7 a 12 anos, 56% apontaram o excesso de atividades como principal causa do estresse e 63% a desaprovação dos pais e adultos.
O problema é sério, mas o tratamento é simples, diz a psiquiatra. “A psicoterapia é o tratamento, lá a criança vai receber um tratamento lúdico com muitas brincadeiras, o que começa a trazer descanso à mente infantil. Em poucos casos, se faz necessário o uso de medicação antidepressiva. Só o apoio dos pais e a diminuição do números de atividades, quando este for o motivo, já curam a criança”.
Sofia ressalta, porém, que isso não significa que uma criança não pode ter ocupações pois ficará estressada. Segundo ela, atividades complementares são essenciais para o crescimento e formação de um ser humano, porém não quando em excesso. “A criança precisa ter tempo para brincar”, diz. Atualmente, a pequena Aline divide seu tempo entre a escola, o balé, aula de inglês e brincadeiras, sem estresse.
Fique em alerta e conheça os principais sintomas do estresse infantil:
– Choro excessivo e sem motivo aparente
– Insônia
– Inquietação e tiques nervosos
– Irritabilidade
– Medos que não tinha antes
– Tristeza
– Distração
– Notas baixas
– Falta de apetite
*O nome da menina foi trocado.
Fonte: Terra Educação