As obras de Eça de Queirós trazem uma visão crítica da sociedade no final do século XIX que ainda é atual |
Fátima Bueno, professora de Literatura Portuguesa da Universidade de São Paulo (USP), tem muito a dizer sobre Eça de Queirós. Para início de conversa, ele sempre lhe representou um desafio. “Defendi tese sobre as imagens de Cristo que aparecem na sua obra e sempre me pareceu um paradoxo o questionamento que um escritor como ele, originário de um país de forte tradição católica como Portugal, faz da história bíblica”, aponta. “Mas a obra de Eça de Queirós também me fascinou por transmitir uma ideia crítica do que foi a sociedade portuguesa do final do século 19”.
Muitos são os modos de se apaixonar por Eça de Queirós. Quem gosta de história, caso da professora da USP, vai se sentir à vontade: apesar de datar dos anos 1800, os romances de Eça de Queirós apresentam temas contemporâneos – quem lê “O Crime do Padre Amaro”, por exemplo, sente-se acompanhando uma história com enredo e ritmo típicos da TV, tanto é verdade que já inspirou minissérie e versões cinematográficas (veja Eça no cinema e na TV).
Como explicar essa aura de eternidade em cada livro de Eça de Queirós? “Sou de uma geração que teve na leitura uma forma de enriquecimento no contato com um universo cultural maior daquele que vivia”, diz Fátima. “A leitura sempre fez parte da minha vida – e ler Eça de Queirós foi fundamental por ser um grande escritor.”
Há muito, portanto, com o quê se maravilhar na obra do escritor português, nascido em Póvoa de Varzim, o Portugal nortenho, em 1845, e falecido em Paris, França, em 1900. Data completa do seu nascimento: 25 de novembro de 1845. Momento oportuno para relembrar, permitindo a quem é especialista destacar obras e fatos memoráveis do escritor português – que também foi diplomata e jornalista.
Fonte: Educar para crescer – Por Marion Frank