22 de agosto – Dia Mundial do Folclore

22 de agosto de 2012 - 10:02:00. Última atualização: 23 de julho de 2019 - 11:01:11
Imagem: Internet

O folclore é a expressão de uma cultura. É a soma da cultura material, dos costumes e tradições de um povo expressos de diversas maneiras (oralmente, por escrito ou encenados), embora muitas vezes o termo folclore seja atribuído apenas para a literatura oral. Todos os povos têm folclore. Conhecê-lo e estudá-lo significa contribuir para que se mantenha vivo e, conseqüentemente, através da sua preservação é possível perpetuar cada cultura. Muitas vezes é preciso estudar o folclore para verdadeiramente entender a história de um povo.
Através do folclore o homem expressa as suas fantasias, os seus medos, os melhores e piores desejos, de justiça e de vingança, às vezes apenas como forma de escapar àquilo que ele não consegue explicar. As histórias são diferentes mas o imaginário dos povos já provou ser muito parecido.

Contos folclóricos por exemplo são narrativas em prosa de ficção. As pessoas gostam deles por causa da fantasia. Em algumas culturas, eles trazem uma lição de moral.

Grandes autores dos clássicos infantis, como Hans Christian Andersen e os irmãos Grimm, pesquisaram e buscaram no folclore a inspiração para escrever suas histórias, algumas delas há muito conhecidas em nossa literatura, como “A Pequena Sereia” e o “Soldadinho de Chumbo” (de Andersen).

Quem no Brasil nunca ouviu falar do lobisomem, da mula-sem-cabeça, do saci-pererê ou do curupira? “Se você quebrar um espelho terá sete anos de azar”, diz um provérbio ” a não ser que consiga encontrar todos os cacos e os jogue em água corrente”… Isto é folclore!

Para falar das figuras do nosso folclore são conhecidas diversas versões. Alguns dos personagens mais famosos você vai conhecer agora:

O Boitatá

O Boitatá, reza a lenda, é um monstro em forma de cobra que sobreviveu a um grande dilúvio enterrado em um buraco. Acostumou-se a enxergar no escuro e por isto seus olhos cresceram – dizem até que no lugar de olhos há duas bolas flamejantes. Por isto, de dia é quase cego; de noite, vê quase tudo, e é a hora que o Boitatá sai para se alimentar de restos de animais. No Sul, mais precisamente em Santa Catarina, conta-se que o Boitatá tem esses olhos luminosos por se alimentar apenas dos olhos dos animais, absorvendo toda sua luz.

Perseguindo os viajantes noturnos ou simplesmente vagando por aí com sua luz brilhante, o Boitatá é também chamado de “Cumadre Fulozinha” ou “Batatão” no Nordeste do Brasil, ou de fogo-fátuo. No Sul, é conhecido como “Baitatá”, “Bitatá”. E conta-se que quem vê sua luz na noite fica cego ou enlouquece de vez.

A origem de seu nome parece ser indígena, vinda da expressão “mbaê-tata”, que significa coisa de fogo. Para os índios, o “mbaê-tata” mora no fundo dos rios. Em 1560, Padre Anchieta já havia descrito como o mbaê-tatá era temido pelos índios – uma espécie de assombração muito perigosa. Igualmente em relação aos africanos, que trouxeram o mito do Biatatá, que também habitava as águas fundas e caçava à noite. E nem sempre o Boitatá é visto como mau: em algumas tribos indígenas, e também no Sul do Brasil, é protetor da mata contra incêndios.

Na verdade, é comprovado cientificamente que o fogo-fátuo é um fenômeno comum em áreas pantanosas e onde há sepulturas e carcaças de grandes animais. A ilusão de um grande fogo em movimento seria efeito de gases inflamáveis desprendidos, vistos de longe.

O Boto Rosa

O Boto Rosa é uma lenda amazônica. Conta-se que os botos do Rio Amazonas transformam-se em homens muito atraentes à noite e saem para conquistar as moças das cidades ribeirinhas. Eles sempre usam um chapéu para esconder o buraco no alto da cabeça e saem, muito arrumados, para os bailes e festas das vilas.

As mães, portanto, sempre aconselham as filhas a não flertarem com rapazes bonitos em festas, pois um deles poderia ser o boto, disfarçado de homem, que as engravidaria e em seguida as abandonaria.

Depois de conquistar uma moça, o boto volta para o rio de manhã cedo. A mulher nunca mais torna a vê-lo. Esta lenda é usada até hoje por mães solteiras da região.

Sempre se acreditou nas propriedades mágicas do boto de verdade. Acreditava-se que o olho do boto era um ótimo amuleto para conquistar o amor de uma mulher. Era capturado por pescadores para que partes de seu corpo, como a nadadeira e o pênis, fossem usados na fabricação de remédios e amuletos contra a impotência sexual.

Este animal era bastante comum no Rio Amazonas mas, por conta de tantas lendas e histórias de magia, foi muito procurado e caçado; hoje em dia é uma espécie em extinção.

O Curupira

O curupira é um indiozinho peludo, com os cabelos e pés virados para trás, protetor das plantas e animais das florestas. Vive montado em um porco do mato e tem um cachorro chamado Papamel, de que não se separa; ao ver alguém na mata, avisa-o, cantando. Também dizem que se disfarça e ilude o caçador que o persegue, fazendo-o embrenhar-se na mata até se perder e morrer de fome.

Os pés virados para trás servem para despistar os caçadores, que seguiriam rastros falsos até se perder na mata. Só os que caçam por necessidade são protegidos.

É também conhecido como caipora ou caapora e protege as fêmeas grávidas e os filhotes de todo tipo de animal. Os caçadores que temem o curupira não perseguem estes bichos e não caçam à sexta-feira em noite de luar e nem aos domingos e dias santos. Para agradar esta criatura das matas, os índios costumavam deixar-lhe presentes nas florestas, como penas, esteiras e cobertores.

A Iara

Uma sedutora sereia que atrai os homens até o fundo do mar, a Iara é metade mulher, metade peixe. Mora no fundo das águas – doces ou salgadas, não importa – e aparece no final da tarde, encantando os homens com sua canção mágica, que os hipnotiza e lhes faz se afogarem.

Diz-se que nenhum homem resiste a seu canto. Um certo dia, o índio Tapuia a viu surgindo das águas, escutou seu canto e resistiu: remou depressa de volta para a aldeia. Só que não conseguiu esquecer a música da Iara e acabou voltando para reencontrá-la. O final é controverso: uns dizem que Tapuia e a Iara se casaram e foram felizes para sempre; outros acreditam que ela, sempre buscando novas vítimas, voltava às margens das águas para trazer para o fundo mais e mais pescadores.

O Lobisomem

O lobisomem é um homem comum, mas nas noites de sexta-feira, de lua cheia, transforma-se e corre pelos campos, uivando. Invade galinheiros, devora cães e ataca as crianças que encontra pelo caminho. Ao romper da aurora é novamente um homem comum.

Segundo a lenda, um homem vira lobisomem: quando é filho de uma comadre com compadre ou de padrinho com afilhada; quando é filho de uma relação incestuosa; quando é o primeiro homem depois que um casal teve sete filhas mulheres.

O lobisomem não é exclusivo de nosso folclore; pertence ao imaginário europeu e mesmo da Grécia e Roma antigas.

A Mula-sem-cabeça

Dizem que pode virar mula-sem-cabeça a mulher que se envolve com um padre. A mula-sem-cabeça não tem cabeça mas vomita fogo pelas ventas, tem um relincho forte, mas algumas vezes grita como um ser humano. Para desencantá-la é preciso que alguém muito corajoso lhe arranque o cabresto ou pique-a com um alfinete para que sangre.

Ela aparece à meia-noite, em noites escuras, perto de igrejas. Quem a vê, deve deitar de bruços no chão para esconder seus olhos, unhas e dentes para que a mula-sem-cabeça não o ataque.

É também conhecida como Burrinha do Padre e Cavalo-sem-cabeça, de acordo com a região. Em Santa Catarina, a lenda tem uma variação interessante: para saber se uma mulher é amante do padre, é preciso amarrar um ovo em uma fita como nome da mulher e jogar ao fogo. Se o ovo cozer e a fita não queimar, aquela é a amante do padre.

O Saci-Pererê

O saci-pererê é um moleque negro, de uma perna só, que usa uma carapuça vermelha e fuma um cachimbo de barro. Dizem que a sua força está na carapuça: quem conseguir apanhar e escondê-la fará do saci seu escravo por toda vida. É brincalhão, pode aparecer em qualquer parte. Tem as mãos furadas no centro e seu maior prazer é brincar com uma brasa acesa que faz passar de uma para outra mão pelos furinhos das palmas.

Em certas regiões, porém, o saci é visto como uma entidade ruim. O mais comum é a versão do saci como um moleque cheio de travessuras: esconde brinquedos, chupa o sangue dos animais das fazendas, embaraça a crina dos cavalos, gora os ovos da galinha, “reza” os milhos de pipoca para não estourarem…

E quem captura um saci e consegue se apoderar de sua carapuça, pode pedir favores ao saci em troca. Ele fará qualquer coisa para tê-la de volta!

A Vitória-Régia

Há muito, muito tempo, entre os habitantes de uma tribo indígena, contava-se que a Lua era um deus que namorava as mais belas virgens da aldeia. Sempre que se escondia atrás da montanha, levava para si as moças de sua predileção.

Uma jovem virgem da tribo, a guerreira Naiá, vivia sonhando com este encontro e mal podia esperar pelo grande dia que a Lua a chamasse. Os anciãos da tribo alertavam Naiá: depois de seu encontro com a sedutora Lua, as moças perdiam seu sangue e sua carne, tornando-se luz – viravam as estrelas do céu.

Mas Naiá queria porque queria ser levada pela Lua. À noite, cavalgava pelas montanhas atrás dela, sem nunca alcançá-la. Todas as noites eram assim, e a jovem índia definhava, sonhando com o encontro sem desistir. Tão obcecada ficou que não havia pajé que lhe desse jeito.

Um dia, tendo parado para descansar à beira de um lago, viu em sua superfície a imagem do deus amado: a Lua refletida em suas águas. Cega de paixão, lançou-se ao fundo e se afogou. Mas a Lua, que também é senhora das águas, compadeceu-se dela e a transformou em uma estrela das águas: uma flor, chamada vitória-régia, que tem formato de estrela, bela cor e delicioso perfume.

Fonte: IBGE Teen

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