Em todo o Mundo e em todo mundo, o Natal se instala como uma pequena semente que cai na terra, germinada de dentro pra fora, uma terra até então inválida e sem vida, divergindo, porém, os demandantes clichês natalinos, mostrando que a verdade é que o mundo não se torna um lugar melhor no natal e que as pessoas não mudam e se policiam diante de tal data. O mundo continua o mesmo.
O que muda, porém, é a visão dos demais quanto a todo e qualquer acontecimento. Da mesma forma que o caos e a maldade continuam, os atos de bondade também. No Natal, no entanto, as pessoas do mundo todo tendem a estarem mais dispostas a enxergar e divulgar os atos de bondade, glorificando-os e purificando-os, como se nunca tivessem existido, como se fosse o Natal que, milagrosamente, os implantara ali.
A verdade é que, desde os tempos de Jesus, o homem, como um todo, é tão bom quanto mal, e cabe a ele decidir qual lado seguir. Mas – Deus! – somos bons! O Natal apenas abre nossos olhos diante dessa verdade. Ainda resta, mesmo com tantos assassinatos, terrorismos, corrupções e roubos, um pouco de humanidade em nós. Ainda resta humanidade suficiente para humanizar.
Certa vez, ouvi um parente dizer: “é nessa época que nos tornamos humanos”. Lembro-me, então, de pensar que ai de nós sermos humanos apenas no Natal. Em pouquíssimo tempo, não sobraria ninguém para ser humano, destruiríamos uns aos outros, destruindo qualquer possibilidade de amor ou vida, destruindo também, o Natal.
Devemos ser Natal todo dia e toda hora. Natal no espírito e nas ações. Devemos ser Natal para vermos que ainda há chances, que a bondade não sumiu e que a esperança ainda existe em algum lugar entre a doação de um abraço a alguém em sofrimento e da serenidade de um trabalho voluntário, porque, ao ver que a esperança ainda luta para sobreviver diante do caos do mundo em que construímos pouco a pouco, ela consegue nos construir, nos moldar mais humanos, prontos para humanizar.
O Natal é a celebração do nascimento de Jesus que nos mostrou a humanidade dentro de cada um. É a vastidão de esperança diante a um único nascimento. É a paz que veio com essa esperança. Mas não é só uma data. É o ano inteiro, é cada momento que não nos deixa sucumbir ao medo ou ao desespero. O Natal é a chance que precisávamos para agir. Agir como ser humano, humanizando tudo o que estiver ao alcance, e subir escadas, prédios e montanhas para alcançar o que não estava em nossa mão um pouco antes, arriscando-se por um bem, muito, muito maior, que atingirá todo mundo e todo o Mundo.
Texto escrito pela aluna Luiza Aparecida Chaves Ranuzzi – 1ª série “A”.
Professora responsável: Profª Drª Priscila Marques Toneli