“Indústria cinematográfica”

Sob uma perspectiva histórica, salienta-se, durante o século XX, a Terceira Revolução Industrial, marcada pelo avanço tecnológico em diferentes setores e pela consolidação do capitalismo em diversas nações. Em vista desse cenário, tal desenvolvimento da tecnologia possibilitou a criação de obras cinematográficas, as quais não só permitiram que a sociedade possua momentos de lazer, mas também são responsáveis por exibir histórias que, muitas vezes, evidenciam aspectos culturais de um país. No entanto, apesar da relevância dessa inovação para exposição de uma cultura e para o entretenimento, notam-se, na contemporaneidade brasileira, desafios para a democratização do acesso ao cinema, os quais são determinados pela negligência governamental e pela elitização desse setor.

Em primeira análise, ressalta-se o descaso do Estado como agravante do impasse. Nesse contexto, o contratualista Thomas Hobbes defende que as pessoas são brutais e devem ser controladas por um contrato social que forme uma sociedade organizada. Sob essa ótica, é dever das autoridades governamentais garantir o lazer à população, ou seja, o Governo precisa assegurar que o aceno ao cinema seja democratizado, como forma de contribuir para que todos os cidadãos possuam esses momentos de entretenimento. Entretanto, isso não vai ao encontro da realidade do Brasil, visto que, no país, a acessibilidade às obras cinematográficas é limitada e essa conjuntura é decorrente da baixa renda dos brasileiros. Diante disso, a título de exemplificação, segundo dados fornecidos pelo site Meio e Mensagem, apenas 17% da população frequenta o cinema, o que mostra, indubitavelmente, a limitação do acesso a essa inovação tecnológica. Assim, é notório que o Poder Público mostra-se pouco comprometido com a situação, configurando a quebra do contrato social de Hobbes, e, por isso, deve haver uma alteração desse cenário no Brasil.

Em segunda análise, destaca-se a elitização do cinema como impulsionadora da problemática. Nessa perspectiva, é importante realçar o conceito de Indústria Cultural, do pensador Theodor Adorno, o qual consiste na maneira de produzir cultura no sistema capitalista e possui como finalidade a detenção de lucro. A partir disso, nota-se que as obras cinematográficas tratam-se de produtos da indústria conceituada por Adorno, já que essas obras, em diversos momentos, exibem as formas culturais de um país e, com isso, são comercializadas objetivando, principalmente, à geração de capital, o que faz com que o cinema possua elevado valor comercial. Nesse sentido, devido a esse alto custo, o acesso às obras cinematográficas permanece com limitações, uma vez que a desigualdade da distribuição de renda, no Brasil, ainda é presente. Dessa forma, apenas a parte da população que faz parte da elite, isto é, pessoas com poder aquisitivo, possuem acesso ao cinema. Logo, o Estado precisa reduzir a concentração de renda nacional, com forma de democratizar a acessibilidade às obras cinematográficas.

Portanto, medidas são necessárias para que o cinema se torne mais acessível no Brasil. Para isso, o Governo Federal, órgão responsável por solucionar os problemas do país, deve minimizar a desigualdade social, por meio da geração de empregos, garantindo mais oportunidades à população. Ademais, os preços dos produtos da Indústria Cultural devem ser, também, diminuídos. Dessa maneira, com a realização simultânea e efetiva de ambas as ações, o principal efeito será o maior acesso ao cinema por parte dos cidadãos e, além disso, haverá contribuição para a formação da sociedade idealizada por Hobbes.

Autora: Isabela Cristina Oliveira
3ª série
Redação com 920 pontos no ENEM.

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